segunda-feira, 18 de maio de 2009

A sociedade e a engenharia

Aspectos gerais
É irônico o desconhecimento da sociedade sobre o que é Engenharia. Irônico porque, em todas as atividades e em todos os setores do consumo humano, usa-se da Engenharia. Seja Arquitetura, Engenharia Civil, Mecânica, Agronômica, Elétrica, Eletrônica, de Pesca, de Alimentos, Florestal, etc. Sempre se encontra a presença da Engenharia como parte da vida moderna.

Esse fato é conhecido por todas as pessoas que possuem algum nível cultural, no entanto, só é lembrado quando a atenção é voltada para ele, normalmente é totalmente esquecido. A Engenharia é transparente, incolor e insípida, é como uma vidraça de uma vitrine: quanto mais limpa menos se vê (vê-se o que está dentro da vitrine), porém, caso venha a sujar-se, aí sim ela aparece. Enquanto a Engenharia é muito difícil de ser vista, a Arquitetura só é vista nos seus aspectos artísticos e estéticos e dificilmente é notada nos aspectos técnicos. Dessa forma, os Arquitetos são muito pouco conhecidos quando a abordagem é técnica e os Engenheiros (em todas as suas modalidades) jamais são lembrados. Vê-se a construção, a plantação, o televisor, o automóvel, etc. mas não se vê a Engenharia lá agregada.

Além do mais existe uma confusão natural e normal entre a técnica e a execução do objeto que necessita daquela técnica, assim é que se confunde, por exemplo, Engenharia com construção e Engenheiros com mestres-de-obras. Dessa forma, fica difícil para o leigo diferençar o desenho de uma casa (feito por alguém que desenha) de um projeto de uma casa (executado por um Arquiteto). Esse fato prejudica muito o relacionamento cliente/profissional, torna muito difícil convencer um cliente leigo da necessidade da Engenharia.

Os empresários
Como a sociedade não percebe a necessidade e nem mesmo a existência da Engenharia, esta é sumariamente esquecida na aquisição dos bens de consumo. Mesmo que isso seja considerado importante pelo comprador, é esquecido na hora da compra. Vejamos o caso da construção civil: na compra de um apartamento, raramente é mencionada a equipe de projeto e execução da obra. Quando isso é lembrado, é relegado a um segundo plano, ficando atrás de coisas como a qualidade dos acabamentos ou a localização do imóvel e até alguns itens fúteis. Itens como uma instalação (elétrica, hidráulica, sanitária, etc.) bem projetada e construída com materiais tecnicamente corretos nunca são vistos como pontos que agregam valor ao preço final do empreendimento e tais coisas só darão problemas muito tempo depois, mas não tanto tempo para que possa ser descartada a utilização de um produto que se espera ser durável. O edifício Areia Branca, em Recife-PE, ruiu após 26 anos de uso, por vícios de construção.

Mas é querer muito de um consumidor que ele tenha o cuidado de solicitar, na hora da compra, os relatórios de rompimento dos corpos de prova do concreto usado na obra, pois eles nem sabem que isso existe.

Essa falta de conhecimento da sociedade leva a indústria a ignorar cada vez mais a técnica, colocando toda a sua energia naquilo que realmente vende o seu produto e, assim, a Engenharia é relegada também a um segundo plano. A certos empresários pouco interessa a Engenharia e a usam apenas para ter quem possa ser responsabilizado no caso de um insucesso, forçando os profissionais a obterem o máximo de ganho no tempo e custo da obra, algumas vezes em detrimento da própria segurança, da durabilidade, da qualidade do produto final.

As instituições de classe
A luta insana das instituições de classe, sindicatos, clubes e o CREA, esbarra no problema da desvalorização não só dos profissionais mas da profissão como um todo.

O que levaria um empresário a pagar bem um Engenheiro se a própria Engenharia correta não lhe trás mais lucro que a simples construção? É bem mais lógico pagar melhor a um mestre-de-obras que nada entende de Engenharia, “para atrapalhar a obra”, mas que entende muito de passar as informações aos operários, exatamente naquilo que melhor rende na hora da venda: preço e prazo. Caso haja muita técnica, muito esmero na construção, teremos esses dois fatores prejudicados.

Essa confusão, essa troca de valores, é muito comum na idéia da maioria dos empresários e isso é contagioso, transmitem-se aos profissionais, que deixam de lado a Engenharia e entram na roda-viva da construção de qualquer forma, desde que venda bem. Assim tais instituições não conseguem tornar mais valorizada a profissão porque os próprios Engenheiros não notam as diferenças acima colocadas.

Os profissionais
“- O pior dos cegos é aquele que não quer ouvir...”, já dizia meu pai e concluía: “...pois todo cego quer ver”. Algo parecido acontece com os profissionais de Engenharia: não são valorizados pela sociedade. Querem ser, mas não usam os seus recursos que podem lhes dar valor.

O profissional não reage quando alguém quer fazer algo de forma errada, segundo a Engenharia, e acostuma- se tanto a isso que não nota quando sua profissão é barbaramente atropelada. Entra naquela mesma porta onde entraram os empresários, seguindo os passos da sociedade. Acostumam-se a trabalhar sem o uso da técnica.

Mas os empresários não podem ser culpados de não tentar vender Engenharia, o objetivo deles é vender construção. Já os Engenheiros relegados a plano inferior, (para a sociedade, que mede muito o valor pelo dinheiro, “empresário” é mais importante que “engenheiro”), só têm Engenharia para vender. E como a Engenharia é pouco procurada, ela é vendida barato, às vezes, a preços humilhantes.

Engenharia é difícil, trabalhoso, complexo, exige muito estudo, prática, muita dedicação. E vender Engenharia é, além de tudo, muito mais difícil que fazer Engenharia. É necessário convencer da utilidade de algo a quem nem sabe o que é aquilo.

A universidade
As faculdades de Engenharia não formam Engenheiros. Raramente um formando de Engenharia tem o conhecimento exato de uma atitude profissional correta; as normas não são suficientemente ensinadas; as atitudes éticas jamais são lembradas nas faculdades; sequer são repassados os dados necessários para bem escrever um parecer ou um laudo; isso só para citar algumas falhas fatais.

Assim, a formação do Engenheiro limita- se aos conhecimentos, (às vezes bastantes superficiais), de aplicações da Física e da Matemática e o resto é meramente informativo, trazendo ao aluno um conceito errado de que Engenharia é só aquilo.

Pode-se notar que os defeitos acima atribuídos aos profissionais tiveram, em grande parte, uma origem de formação. Foram adquiridos na sua formação universitária.

O que fazer?
Começaríamos por informar a sociedade, explicar aos leigos o que é Engenharia e para que serve? Ou começaríamos por mudar a mentalidade dos profissionais? Seria melhor modificar o ensino, reciclar os professores?

Todos esses problemas estão intimamente interligados, não existe um maior que outro, ninguém é mais culpado que outro.

A mobilização pela valorização profissional tem que ser geral, não se pode atacar um setor e esquecer os outros. Essa mobilização tem de partir das instituições, inicialmente agindo sobre os profissionais e universidades para depois atuar nas classes envolvidas através de uma intensa campanha junto à sociedade.

Mas essa campanha é muito árdua e, antes de tudo, vai exigir uma harmonia perfeita entre os envolvidos. Para dar certo, vai exigir uma total união e cumplicidade de toda a classe.

* Eng. Antonio Sá Fernandes Palmeira

quinta-feira, 14 de maio de 2009

deixa que eu faço! [02]

Porque, no meu trono, eu sou um rei. E um rei deve estar acima de todos!

Não sei nem o que dizer.
Um engenheiro (ou um pedreiro com bom senso) faz falta!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

deixa que eu faço!

Engenharia é para os fracos! Qualquer um sabe que se deve utilizar bem o espaço e, principalmente, economizar dinheiro!
Deslizamento de terra? Não. Aqui é seco, quase nunca chove. E tem prego na madeira. Cai não.

terça-feira, 12 de maio de 2009

VTNC,P!

De quê adianta você mandar alguém tomar no cu?
Não serve pra nada. A única coisa que vai acontecer é que você vai se sentir melhor (haha).

Estava eu no meio de uma pequena discussão com o professor e decidi encerrar, porque nessas situações o aluno sempre sai na pior. O aluno é sempre mais um querendo se formar sem esforço.
Então, pra não me exaltar ainda mais, saí da sala e fui descendo as escadas.
Não mandei o professor tomar no cu, mas me deu uma vontade... então, da escada, eu gritei (não pra ele ouvir, mas pra me sentir melhor) VTNC,P!.
E segui, descendo as escadas. Então ouvi um grito com um sotaque estranho: "Caralho, da pra calar a boca? aplicando prova!"

Adiantou de alguma coisa meu grito? Não, mas eu me senti melhor. E ainda dei risada do sotaque do professor, que até agora não consegui identificar.

sábado, 9 de maio de 2009

Confissão de um estagiário

Acabei de receber no meu e-mail!
Justificar

Fui demitido!

Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem...

Eu tinha várias funções, as quais fazia com excelência, entre elas:
1. Tirar xerox: 3.1 segundos por página.
2. Passar café.
3. Comprar cigarro e pão. 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.
4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva...

Eu era muito bom. Bom, mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente.

É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho.
Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão. Puta sacanagem!

Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.

Era quinta-feira, 26 de março, quando cheguei ao trabalho.

Nesse dia passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h) vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs).
Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: "pegar o resultado da mega-sena na lotérica".
Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida.

Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz?
Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente.
Ninguém tinha dado as caras ainda. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.

O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo. Até que um cara, o Daniel, começou a conferir.
Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas.
Coitado. A cada volante que ele passava, eu notava sua cara de desolação. Foi quando ele chegou ao último papel.
Já quase dormindo em cima do papel, vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo.
Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo.
Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também.
Ele olhou, conferiu e gritou:
-"PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA". Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.

Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo.
Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buceta da arrombada da mulher dele.
No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.

Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse:
-"puta merda, esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã.
A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma putalouca:
-"PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO"
Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de "quê?" e outros com cara de "ela tá brincando".
O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03.
O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo:
- É...é de hoje.
Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de 'vou te matar'.
Corri... corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro.
Me tranquei por lá ao som de "estagiário filho da puta", "vou te matar" e "vou comer teu cu aqui mesmo". Essa última foi do peladão !

Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida.
Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Mas não... só tentaram me linxar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!

Pelo menos levei mais 8 comigo! Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles.
Pena que agora eles me juraram de morte... agora tô rindo de nervoso.

Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote.
Eu supero isso, tenho certeza.

É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo...

de quem é a culpa?

Do estagiário.



Se você clicar na imagem ela fica maior. (eu acho)